Eu e o meu fantasma

Deitei me muitas vezes com fome,  a pensar que seria só mais um esforço para no dia seguinte acordar magrinha e linda, mas todos os dias acordava e sentia me cada vez pior,  e a balança contradizia os meus pensamentos.
Adormeci muitas noites com lágrimas nos olhos e acordei com vontade de as deitar de novo.  Todos os dias eram uma guerra comigo com quem me rodeava e com o espelho. Deixei para trás todos os meus objectivos, não lutei por eles da melhor forma.

E ninguém me entendeu. Sofri por me deixarem e dizerem que não compreendiam, achava egoísta, e eles achavam me a mim.
Pediam me que voltasse ao que era sem sequer se aperceberem que eu própria já não o sabia ser. Era como um vazio,  como se castigar o meu corpo ao não comer me fizesse vencer e ser mais forte. E cada dia fiquei pior... Cada dia mais sabia menos o que fazer, e como me esconder, detestava os comentários, porque nem eu própria me apercebia. O que eu via no espelho não é o que vocês vêm, hoje talvez seja mas na altura não era.
Graças a quem me apoiou e me fez vencer,  graças a quem nunca desistiu de mim,  nem de dia nem de noite, hoje consigo, aceitar o que a balança diz, o que o espelho mostra, o que a barriga sente, e o que o meu corpo manda. Não sei de onde, mas do mais fundo possível de nós, esta a cura, assim como teve a doença durante tantos anos.  O acumular de inseguranças e medos fazem nos apoderar nos do nosso fantasma.