A minha partilha

"O cabelo começa a cair, o pânico começa a ficar… Sinto um pânico da morte, enquanto vejo pessoas com o mesmo que eu num estado deplorável… O meu coração treme com medo de algum dia chegar àquele ponto. Todas as noites que tenho estado neste quarto rezo, para que ele não me leve para junto de todos os que já partiram. A tensão é nos medida todos as manhas antes do pequeno-almoço, a minha está sempre muito baixinha, como se fosse de idade ou o meu coração estivesse prestes a parar. Arrasto os pés quando me chamam para comer, levanto-me lentamente, quase como o robô que tenho sido até aqui.
Todos os dias espreito por aquela janela para ver as pessoas que passam na rua, tenho 18 anos e estou aqui fechada… Não por estar a estagiar, mas por estar internada com uma doença que mata, que nos leva até ao fim sem nunca nos deixar esquecer do que é sofrer nela.


Tenho sonhos constantes com a maldita da comida, e acordo com aquelas náuseas terríveis. Só de pensar que podia estar lá fora prestes a apresentar o espectáculo que tenho trabalhado na escola… E não estou! Estou aqui em constante luta, comigo, com o prato, com as enfermeiras.
Ouvir a voz da minha mãe em certos momentos era essencial, para me dar aquela força, como quem diz “força vais vencer” … Espero um dia ser o orgulho dela.


A comida é um monstro, e enfrentar a minha imagem ao espelho é uma barreira muito de difícil de ultrapassar…"

Comentários

  1. As tuas palavras são tão fortes, lamento tudo isso que passas te mas admiro toda a tua Força, e tens uma escritura incrível, beijinhos e continua ��

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