Vou ali e já volto

Que nó no estômago me dá uma simples despedida de alguém de quem gosto, um simples "vou ali e já volto", e provavelmente nunca mais volta. Se calhar também já dei esse nó no estômago de alguém sem ter noção e sem querer, mas nem sempre temos que ficar ou queremos ficar ali para "sempre".
Não há nada que dure sempre ou para sempre, um dia acaba, pára ali, não sabemos se continua, ninguém viu ninguém contou, claro que nos resta acreditar que sim que continua mas e se não continuar? 
É isso, virei muitas vezes as costas à felicidade e disse-lhe que já voltava, e fui me juntar à angustia, ao nó no estômago que um dia mais tarde me abandonou.
                
Aprendi muito ao longo de perdas físicas e emocionais, uma delas que vá onde for a única pessoa que vai estar sempre comigo independentemente de tudo, sou eu, não posso fugir de mim, ninguém pode fugir de si, não há ninguém que passe tanto tempo comigo como eu mesma, e se assim o é não pode haver ninguém que eu coloque à frente de mim mesma, tenho que aceitar o que sou, amar-me, e ver me como a primeira pessoa do Alfabeto, porque sou, como cada um de vocês são a primeira pessoa do Alfabeto das vossas vidas, e não há nada que possa mudar isso.
Virei as costas à minha felicidade há pouco tempo, tinha-a e despedi-me dela inconscientemente sem perceber bem o porquê, sei que ela desapareceu e a angustia que sentia voltou, o nó no estômago e na massa cinzenta, talvez por ter dado demasiado da minha felicidade a algo ou alguém que com o tempo acabou por ir. Então deixemos que vá.
Dizem muito que o que é nosso e vai volta, mas não é assim, se foi é porque não era nosso sequer, nunca o foi. 
As únicas pessoas que vão e que são nossas são aquelas que nos são tiradas "cruelmente" pela vida ou pela lei da mesma.
E tudo isso nos fortalece, tudo isso nos habitua mas não faz com que as próximas "vou ali e já volto" doam menos ou não doam, é tudo incerto, como lançar um dado.



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